Trabalhador que morreu soterrado após deslizamento em obra na SC-281 tem identidade revelada

Tragédia em obra de asfaltamento expõe riscos da construção civil

O acidente ocorreu na última quinta-feira, dia 3 de abril.

Algumas profissões envolvem riscos silenciosos que, muitas vezes, só se tornam evidentes quando uma tragédia acontece. Na construção civil, operários lidam diariamente com perigos como quedas, soterramentos e o manuseio de maquinário pesado. Esses profissionais enfrentam jornadas sob sol forte, chuva intensa e em terrenos instáveis — tudo em nome do progresso e da infraestrutura urbana.

Na última quinta-feira, um desses riscos se materializou de forma fatal. Um grave acidente interrompeu os trabalhos de asfaltamento na rodovia SC-281, no município de Angelina, na Grande Florianópolis. O ocorrido deixou uma marca profunda não só na equipe de trabalho, mas em toda a comunidade local.

Roque Sebastião Camargo Dias, de 52 anos, encarregado da obra, perdeu a vida após ser soterrado por um deslizamento de terra nas proximidades do Centro da cidade. Natural de Clevelândia, no Paraná, Roque era um profissional experiente, conhecido por sua dedicação e responsabilidade. Mesmo assim, não resistiu à força repentina da natureza, que se impôs no meio de sua rotina.

De acordo com informações do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, o deslizamento aconteceu por volta das 16h09. Uma massa de terra e pedras se desprendeu de uma barreira, atingindo diretamente o trabalhador. As equipes de resgate — Bombeiros, Defesa Civil, SAMU e Polícia Militar — foram mobilizadas imediatamente.

Apesar dos esforços intensos e do uso de um helicóptero para auxiliar nas buscas, o óbito de Roque foi confirmado cerca de uma hora e meia depois. A causa da morte foi esmagamento do tronco, acompanhado de fratura na coluna vertebral.

As fortes chuvas que atingiram a região agravaram a situação. O solo encharcado tornou o terreno ainda mais instável, dificultando a retirada do corpo, que só pôde ser resgatado na manhã do dia seguinte. Como medida de segurança, a prefeitura e a concessionária responsável pela obra isolaram completamente a área para prevenir novos acidentes.

A perda de Roque acende um alerta sobre a urgência de aprimorar os protocolos de segurança em obras de infraestrutura, especialmente em regiões com risco geológico. Nenhum trabalhador deveria ter a vida interrompida apenas por exercer seu ofício.

Além de tristeza, tragédias como essa deixam um chamado à reflexão: estamos realmente valorizando os profissionais que constroem as bases de nossas cidades? Em muitos casos, a resposta está no descaso com equipamentos de segurança, na falta de fiscalização e em cronogramas apertados que priorizam prazos em detrimento da vida.

É necessário que órgãos públicos, empresas e a sociedade civil atuem de forma integrada para garantir que a segurança seja prioridade em qualquer canteiro de obras. Isso inclui investimento em tecnologia, treinamento contínuo e maior rigor nas análises de risco antes do início de intervenções em áreas sensíveis.

Por fim, que o nome de Roque Sebastião Camargo Dias não se perca nas estatísticas. Que sua história sirva de memória e impulso para mudanças estruturais que protejam quem, todos os dias, ergue o país com as próprias mãos.

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