SC: Mãe de adolescente de 14 anos faz desabafo sobre o destino que foi dado ao homem que tirou a vida de sua filha

Justiça condena jovem a 48 anos pela morte de adolescente em Itajaí

Um julgamento que comoveu a cidade de Itajaí (SC) chegou ao desfecho nesta quarta-feira (10), trazendo um misto de alívio e dor para familiares e amigos de Maria Gabriela Nunes, de apenas 14 anos. O caso ganhou grande repercussão ao longo do ano, envolvendo questões delicadas relacionadas à segurança de meninas e adolescentes em relacionamentos marcados por comportamentos abusivos.

Após mais de dez horas de sessão, o tribunal condenou Anderson Burigo, de 23 anos, pela morte da adolescente. A pena estipulada foi de 48 anos de reclusão, além de uma indenização de R$ 100 mil à família da vítima. Durante todo o julgamento, o réu permaneceu em silêncio, optando por não responder aos questionamentos.

A família de Maria Gabriela acompanhou de perto a audiência, vestindo camisetas com a imagem da jovem e mensagens de apelo por justiça. “Fiquei muito feliz com a sentença. Claro que ao mesmo tempo triste, porque não vai trazer ela de volta, mas fiquei muito feliz que a justiça estava do nosso lado, que a justiça foi feita”, declarou a mãe, emocionada.

Segundo as investigações, Maria Gabriela desapareceu em 12 de fevereiro, após sair de casa acompanhada do então namorado. A adolescente havia manifestado a intenção de encerrar o relacionamento por causa do comportamento possessivo e instável do acusado. Dias depois, seu corpo foi localizado no Rio Itajaí-Açu, em Navegantes, com ferimentos provocados por faca que causaram grande perda de sangue. Anderson foi preso no dia seguinte.

A promotora Mirela Dutra Alberton, representante do Ministério Público, sustentou a acusação com base em provas e testemunhos, garantindo a condenação com agravantes. Para a acusação, a decisão simboliza um passo importante contra a impunidade em crimes de violência de gênero.

Durante o julgamento, movimentos sociais e coletivos femininos também marcaram presença, reforçando a necessidade de ampliar a proteção a meninas e mulheres em situações de vulnerabilidade. Faixas, cartazes e manifestações silenciosas lembraram que a luta vai além da condenação, exigindo mudanças estruturais na forma como a sociedade enxerga e enfrenta a violência.

Especialistas em direitos humanos destacam que sentenças como esta enviam um recado à sociedade sobre a gravidade da violência praticada em relações abusivas. Mais do que punir, decisões judiciais podem estimular a reflexão coletiva sobre comportamentos de controle e posse, muitas vezes naturalizados no cotidiano.

O caso de Maria Gabriela expõe a urgência de políticas públicas voltadas à prevenção, com educação sobre relacionamentos saudáveis, canais de denúncia acessíveis e fortalecimento de redes de apoio a adolescentes. A condenação representa não apenas justiça para a família, mas também um chamado para que novas tragédias sejam evitadas.

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