Sargento da PM que foi preso pela morte brutal da própria esposa, é identificado
O caso aconteceu em Maricá, no estado do Rio de Janeiro.
O Brasil convive, infelizmente, com números crescentes de feminicídios que expõem um problema social profundo e persistente. Histórias de mulheres assassinadas em circunstâncias de violência doméstica se repetem em diferentes estados, gerando indignação coletiva e reforçando a necessidade urgente de medidas mais eficazes de proteção.
Cada novo episódio não representa apenas uma estatística, mas o retrato de famílias destruídas e crianças privadas da convivência materna. Em Maricá, na Região dos Lagos, um crime recente trouxe à tona a gravidade dessa realidade.
O sargento da Polícia Militar Renato Cesar Guimarães Pina, de 42 anos, foi preso sob suspeita de feminicídio contra sua própria esposa, Shayene Araújo Alves dos Santos, de 27 anos. A jovem chegou a ser levada a um hospital após ser baleada na nuca, mas não resistiu aos ferimentos.
Segundo informações da Polícia Civil, o militar apresentou versões contraditórias sobre o ocorrido e, posteriormente, optou pelo silêncio em seu depoimento. Investigações indicam que a relação entre o casal era marcada por agressões, intimidações e ameaças constantes.
Testemunhas relataram que o policial frequentemente ameaçava a companheira com arma de fogo. Vizinhos ainda afirmaram ter ouvido gritos momentos antes do disparo fatal. Além disso, familiares entregaram à polícia gravações feitas em 2024, nas quais Renato aparece agredindo Shayene, então grávida, e apontando uma arma para o rosto dela.
O casal tinha um bebê de apenas sete meses, e a vítima também era mãe de um menino de nove anos de um relacionamento anterior. Agora, as duas crianças estão sob os cuidados da família materna, em meio a um cenário de dor e de incertezas sobre o futuro.
Na casa do policial, foram apreendidos uma pistola e 14 projéteis. O caso está sob investigação da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, com acompanhamento da Corregedoria da PM. A corporação, até o momento, não informou se Renato será afastado definitivamente de suas funções.
Casos como o de Shayene evidenciam não apenas a brutalidade da violência de gênero, mas também os riscos adicionais quando os agressores fazem parte das forças de segurança, dispondo de treinamento e acesso facilitado a armas de fogo. Para especialistas, isso reforça a necessidade de protocolos rigorosos de controle e acompanhamento psicológico de policiais que respondem a denúncias de violência doméstica.
O feminicídio também escancara a falha estrutural na rede de proteção às mulheres. Muitas vítimas permanecem em relacionamentos abusivos por medo, dependência econômica ou falta de apoio institucional. Quando denúncias não são feitas ou não recebem a devida atenção, a violência tende a se intensificar até chegar a consequências irreversíveis.
Organizações de defesa dos direitos das mulheres defendem que o enfrentamento ao feminicídio precisa ir além da punição. É necessário investir em políticas de prevenção, campanhas de conscientização, criação de abrigos seguros, agilidade na concessão de medidas protetivas e fortalecimento de canais de denúncia, como o 180.
Enquanto autoridades buscam respostas, a morte de Shayene Araújo Alves dos Santos se soma a uma estatística dolorosa e crescente. Mais do que números, cada vítima representa um grito silenciado que poderia ter sido ouvido a tempo. O caso de Maricá serve como alerta para a urgência de mudanças profundas, capazes de proteger vidas e transformar a realidade da violência contra a mulher no país.
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