Adolescente que perdeu a vida após ‘dar grau’ em via pública, é identificado

O caso segue sob investigação.

A perda precoce de jovens em acidentes de trânsito segue sendo uma realidade alarmante no Brasil, especialmente quando envolve comportamentos de risco. Infelizmente, mais uma família enfrenta a dor devastadora de perder um ente querido de forma trágica e repentina.

No último domingo (28), um adolescente de 14 anos, identificado como Kayc Gabriel da Silva, perdeu a vida no município de Bezerros, no Agreste de Pernambuco, após sofrer um grave acidente de moto. O jovem teria perdido o controle do veículo enquanto realizava manobras arriscadas.

De acordo com informações da Polícia Civil, o adolescente participava de um encontro com amigos e executava a manobra conhecida popularmente como “grau”, quando acabou colidindo frontalmente com outra motocicleta. O impacto foi violento, e Kayc Gabriel não resistiu aos ferimentos, vindo a óbito ainda no local.

O caso foi registrado pela Delegacia de Bezerros, que informou, por meio de nota, que as investigações seguem em andamento para esclarecer todas as circunstâncias do acidente.

Testemunhas relataram que a prática era comum entre os adolescentes da região, o que reforça a preocupação com a segurança dos jovens que, muitas vezes, não possuem habilitação nem experiência suficiente para conduzir motocicletas em situações de risco.

A manobra de “dar grau”, também chamada de empinar moto, consiste em levantar a roda dianteira do veículo, mantendo o equilíbrio apenas sobre a traseira. Embora popular em encontros de motociclistas, essa prática é considerada uma infração gravíssima pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), sujeita a multa e apreensão do veículo.

O trágico episódio reacende a discussão sobre a influência das redes sociais, onde vídeos de manobras perigosas circulam amplamente e acabam sendo reproduzidos por jovens que desconhecem os riscos reais envolvidos. O desejo de reconhecimento e popularidade virtual, muitas vezes, fala mais alto do que a prudência.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), os acidentes de trânsito estão entre as principais causas de morte de adolescentes entre 10 e 19 anos em todo o mundo. No Brasil, o cenário é especialmente preocupante, com índices que permanecem elevados e revelam uma urgência na adoção de políticas públicas mais eficazes de prevenção e educação no trânsito.

A morte de Kayc Gabriel da Silva reforça a necessidade de intensificar campanhas de conscientização voltadas à juventude, alertando para os riscos das manobras ilegais e para a importância do uso responsável da motocicleta. Mais do que punir, é fundamental educar e criar espaços de diálogo que aproximem jovens, famílias e instituições.

Especialistas em segurança viária defendem que o problema vai além da fiscalização. É preciso investir em educação desde cedo, mostrando aos adolescentes as consequências reais de comportamentos imprudentes. Aulas de trânsito nas escolas, palestras e ações comunitárias podem ser ferramentas poderosas para reduzir tragédias como essa.

Outro ponto importante é o papel das famílias, que devem estar atentas aos hábitos e interesses dos filhos. O acompanhamento próximo, aliado ao diálogo aberto, pode ajudar a identificar comportamentos de risco antes que eles resultem em acidentes fatais. A prevenção, nesse contexto, começa dentro de casa.

As autoridades locais também têm responsabilidade direta na criação de políticas públicas que ofereçam alternativas seguras de lazer e convivência para a juventude. A ausência de espaços adequados para atividades recreativas muitas vezes leva os jovens a buscar emoções perigosas nas ruas, expondo suas vidas e as de outros.

Por fim, o caso de Kayc Gabriel deixa um alerta à sociedade: cada vida perdida no trânsito representa não apenas uma estatística, mas um futuro interrompido. É dever de todos — governo, famílias e comunidade — unir esforços para transformar a cultura do risco em uma cultura de preservação da vida.

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