Pintor é morto por traficantes após cobrar dívida e urinar próximo a crianças

A Polícia Civil do Espírito Santo confirmou a morte brutal de Ozenal Honorato Santos, de 41 anos, cujo corpo foi encontrado em maio deste ano no município de Serra. O crime, que ocorreu no dia 26 de abril, chocou a população do bairro de Feu Rosa pela extrema violência dos agressores e pela motivação considerada banal pelas autoridades. De acordo com as investigações, Ozenal foi morto por traficantes após urinar em via pública, na presença de crianças, o que teria sido interpretado pelos criminosos como um ato de desrespeito.

Segundo o inquérito, o episódio começou quando Ozenal, que havia ingerido bebida alcoólica, foi até a casa de um conhecido, Junio da Cruz Bezerra, de 38 anos, para cobrar o pagamento de um serviço de pintura realizado dias antes. A cobrança pública teria incomodado Junio, que reagiu de forma agressiva, iniciando uma discussão acalorada. Durante o confronto verbal, Ozenal acabou urinando próximo a um poste, o que aumentou a tensão, já que entre as pessoas presentes estava o filho de Junio, de apenas cinco anos. O gesto foi mal interpretado por membros do tráfico local, que decidiram “punir” a vítima.

Ozenal foi espancado violentamente em plena rua. Testemunhas relataram que os agressores usaram pedaços de pau, pedras, mangueiras, enxadas e desferiram inúmeros socos e chutes contra ele. Após a agressão, o homem foi deixado desacordado sob uma árvore, coberto de ferimentos. No entanto, ao perceberem que ele ainda estava vivo, os criminosos decidiram concluir o ataque de forma ainda mais cruel. Ozenal foi levado para uma área de mata próxima e executado pelo líder do grupo, identificado como Lucas Raich, conhecido pelo apelido de “Poorf”.

O caso ganhou repercussão após a descoberta do corpo e o avanço das investigações. A perícia confirmou que a vítima sofreu múltiplos ferimentos antes de morrer e que houve tentativa de ocultação do cadáver. Com base em depoimentos e evidências coletadas, a Polícia Civil prendeu sete suspeitos de envolvimento direto no crime: Riquelves Alves da Silva, Klemer de Souza Lima Santos, Kennedy da Silva Gonçalves, Paulo Henrique Mattos da Silva, Luiz Kaique Siqueira da Silva, Junio da Cruz Bezerra e Lucas Raich. Todos foram encaminhados ao sistema prisional e responderão por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

De acordo com o delegado responsável pelo caso, o crime demonstra a influência e o poder de intimidação exercidos por grupos criminosos que controlam algumas regiões da Grande Vitória. “Foi uma execução covarde, motivada por um gesto interpretado de forma distorcida. Ozenal não representava ameaça a ninguém. Ele foi julgado e morto por pessoas que se consideram acima da lei”, afirmou o delegado.

A morte de Ozenal deixou familiares e amigos em choque. Parentes relataram que ele era um trabalhador honesto e que vinha enfrentando dificuldades financeiras. O episódio provocou grande indignação entre os moradores de Feu Rosa, que pedem mais segurança e a presença constante das autoridades no bairro. “Não é justo perder alguém dessa forma. Foi uma barbaridade”, disse uma vizinha que preferiu não se identificar.

Enquanto o processo judicial segue em andamento, a polícia segue investigando se há outros envolvidos e se o crime foi ordenado por um nível mais alto da hierarquia do tráfico local. O caso expõe, mais uma vez, a fragilidade da segurança pública em comunidades dominadas por facções criminosas e a banalização da violência, que transforma desentendimentos simples em tragédias irreparáveis.

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