Vítima de tombamento com 17 mortos fazia percurso duas vezes por ano e amigo conta como escapou

Uma das vítimas do tombamento de um ônibus realizava o mesmo trajeto duas vezes por ano e chegou a convidar um amigo para acompanhá-la. Em uma reviravolta do destino que salvou sua vida, mas o mergulhou em um luto profundo, foi o amigo da mineira Maria Sueli Simões Nogueira quem precisou liberar seu corpo nesta última segunda-feira, dia 20 de outubro.

A comerciante, de 52 anos, teve seus sonhos interrompidos ao ser uma das 17 vítimas fatais do trágico acidente de ônibus ocorrido na Serra dos Ventos, em Pernambuco, na última sexta-feira, dia 17 de outubro. O grupo viajava em uma excursão de compras, algo que Sueli fazia com frequência e que representava um momento de lazer e oportunidade de trabalho.

O amigo da vítima, Nilson Soares, concedeu uma entrevista emocionada no Instituto Médico Legal (IML) do Recife, onde relatou o convite que recusou de Sueli. “Ela sabia que eu não consigo viajar longe de ônibus porque eu sinto enjoo”, contou ele, visivelmente abalado. “Ela veio nessa excursão e aconteceu isso aí.” A lembrança do convite e da despedida o persegue desde então, tornando ainda mais dolorosa a certeza de que um simples detalhe mudou o rumo de suas vidas.

Nilson revelou que costumava viajar com Sueli duas vezes por ano para o mesmo destino, mas desta vez, ela optou por ir de ônibus, o que o fez desistir de acompanhá-la. “Jamais imaginei que algo assim pudesse acontecer”, disse, com a voz embargada. “Era uma amiga verdadeira, quase uma irmã. O coração aperta só de pensar.” Ele agora enfrenta o difícil processo de aceitar a perda e apoiar a família de Sueli neste momento de luto e saudade.

De acordo com as primeiras investigações, o ônibus transportava mais passageiros do que o permitido, o que pode ter agravado as consequências do acidente. O motorista alegou que sofreu uma falha nos freios enquanto descia a serra, mas as autoridades ainda apuram as causas exatas da tragédia. Peritos trabalham para identificar se houve falha mecânica, excesso de peso ou negligência por parte da empresa responsável pelo veículo.

O clima é de profunda comoção entre as famílias das 17 vítimas, que agora iniciam a dolorosa jornada de levar os corpos de volta para casa, em Minas Gerais e na Bahia. Velórios coletivos e homenagens estão sendo organizados pelas comunidades, que buscam forças para se despedir dos entes queridos. A tragédia também reacendeu o debate sobre a segurança no transporte rodoviário de passageiros e as condições de manutenção dos veículos que circulam pelas estradas do país.

Mensagens de apoio e solidariedade têm sido compartilhadas nas redes sociais, com centenas de pessoas prestando homenagens a Sueli e às demais vítimas. A história da comerciante mineira, marcada por dedicação ao trabalho, alegria e amizade, se transformou em símbolo do amor pela vida e da fragilidade humana diante do inesperado. Enquanto as investigações seguem, amigos e familiares se unem em oração, buscando conforto e justiça em meio à dor que tomou conta de tantos lares.

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