Pai da menina Ester conta que não tinha acreditado no filho que denunciou sequestro e aviso foi ignorado
O caso que abalou a cidade de São Lourenço da Mata ganhou contornos ainda mais comoventes após o desabafo do pai da pequena Ester Izabelle, de apenas 4 anos. A confirmação de sua morte trouxe não apenas dor, mas também um sentimento de arrependimento profundo. Em entrevista concedida na noite da última terça-feira, 21 de outubro, Inaldo Silva revelou que não acreditou no alerta do filho mais velho, de 7 anos, que havia testemunhado o sequestro da irmã.
“Meu menino tinha falado a verdade, mas a gente, como pais, não acreditou”, lamentou Inaldo, visivelmente abalado. O garoto contou que viu um homem levar Ester para a casa onde, mais tarde, o corpo seria encontrado. A revelação, ignorada no momento, transformou-se em um fardo doloroso para a família, que agora vive atormentada pelo sentimento de culpa e pela brutalidade da perda.
O pai relembrou que o local do crime estava a poucos metros de sua casa. “Estava tão perto”, disse com a voz embargada, referindo-se à cacimba onde o corpo da filha foi localizado — exatamente no ponto indicado pelo filho mais velho. A cena foi descoberta pelo tio de Ester, que participava das buscas desde o desaparecimento da menina, na noite de segunda-feira (20), quando ela brincava em um campo de futebol.
Ester Izabelle foi encontrada na tarde do dia seguinte. Dois homens que alugavam a casa onde o corpo foi achado estão presos e são considerados os principais suspeitos do assassinato. A Polícia Civil segue investigando o caso, enquanto a perícia realiza exames que possam confirmar as circunstâncias da morte e a participação dos detidos.
O depoimento de Inaldo emocionou o país e reacendeu discussões sobre o impacto psicológico que crimes dessa natureza provocam nas famílias. Psicólogos ressaltam que pais e responsáveis, em situações de desespero, muitas vezes não conseguem processar de imediato informações vindas de crianças, o que pode gerar arrependimentos profundos após tragédias como essa. Profissionais de saúde mental da região já se colocaram à disposição para acompanhar o menino, que testemunhou o crime e deve receber apoio psicológico contínuo.
Nas redes sociais, milhares de pessoas expressaram solidariedade à família. A comoção levou moradores de São Lourenço da Mata e cidades vizinhas a organizarem uma vigília em memória de Ester. Velas, flores e cartazes com pedidos de justiça foram deixados diante da residência da família, em um gesto coletivo de empatia e união diante da dor.
O pai, ainda devastado, afirma que sua única esperança agora é ver a justiça sendo feita. “Eu só quero que paguem pelo que fizeram com minha filha. Não quero que nenhuma outra família sinta essa dor”, declarou. O caso, que já chocava pela brutalidade, agora comove ainda mais pela história de um pai que carrega a culpa de não ter acreditado — e pela lembrança de uma menina cuja alegria iluminava todos ao redor.
A comunidade, profundamente abalada, segue mobilizada em apoio à família. Igrejas e grupos locais têm promovido correntes de oração e arrecadações para auxiliar os parentes da vítima. Em meio à tragédia, a cidade tenta transformar o luto em força, mantendo viva a memória de Ester Izabelle e o clamor por justiça.
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