‘Não pensei duas vezes’: motociclista que socorreu mulher trans agredida em BH conta detalhes

Alice foi socorrida, mas não resistiu aos ferimentos. Em outubro deste ano, cinco homens foram acusados de envolvimento nas agressões que levaram à morte de Alice Martins Alves, mulher trans de 33 anos. O caso ocorreu após ela deixar um bar na região da Savassi, em Belo Horizonte, e gerou forte comoção social.

Segundo informações da polícia, Alice frequentava o estabelecimento com certa regularidade e havia decidido sair naquele dia após incentivo da família, que desejava vê-la mais ativa socialmente. Ela estava sozinha e, ao deixar o bar, esqueceu-se de pagar uma conta de R$ 22, o que teria motivado a perseguição.

Ao sair do local, Alice foi seguida e agredida por funcionários do bar. A situação poderia ter sido ainda mais grave se não fosse a intervenção de um motociclista que passava pela região e percebeu que ela estava em perigo. Mesmo sendo ameaçado, ele permaneceu no local e acionou o Samu.

O motociclista, identificado como Lauro César Gonçalves Pereira, de 32 anos, relatou ao portal BHAZ que tomou a decisão de parar imediatamente para ajudar. Segundo seu depoimento, os gritos de Alice e a violência da situação o levaram a intervir, mesmo sem conhecer a vítima.

Lauro contou que pediu aos agressores que parassem e afirmou que, caso houvesse algum problema relacionado à conta, a medida correta seria acionar a polícia — nunca recorrer à violência. Ele destacou que Alice estava muito fragilizada e pedia por ajuda quando ele chegou.

O depoimento gerou grande repercussão nas redes sociais. Diversos internautas elogiaram a coragem de Lauro e cobraram providências das autoridades, além de responsabilização do estabelecimento envolvido.

Organizações LGBTQIA+ de Belo Horizonte manifestaram solidariedade à família de Alice e destacaram que o caso representa mais um episódio de violência motivada por preconceito, reforçando a necessidade de políticas públicas de proteção e acolhimento. Para esses grupos, a falta de preparo de alguns estabelecimentos e a ausência de ações preventivas contribuem para a vulnerabilidade de pessoas trans em espaços públicos.

Especialistas em direitos humanos apontaram que a atuação de testemunhas, como no caso de Lauro, pode ser fundamental para salvar vidas, mas reforçaram que a responsabilidade primária é do Estado, que deve garantir segurança e mecanismos efetivos de denúncia. Eles defendem campanhas de conscientização e treinamentos para profissionais de bares, restaurantes e casas noturnas.

Movimentos sociais planejam homenagens para Alice e anunciam a organização de uma caminhada pela paz e pelo respeito à diversidade. A iniciativa busca manter viva a memória da jovem e chamar atenção para a importância de combater a violência contra pessoas trans, promovendo empatia, educação e justiça.

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