Mãe morre sem conseguir perdão do filho que doou para outra família; entenda
A comovente história dessa mãe foi revelada por sua filha, que expôs novos detalhes após a dolorosa perda.
Após uma vida marcada pela saudade e pela esperança de reencontrar o filho que nunca esqueceu, Amélia de Freitas Ribeiro faleceu na manhã do último sábado, 29 de novembro, aos 82 anos. Moradora de Registro (SP), ela partiu sem realizar o seu último desejo: rever Adauto, o filho entregue à adoção há mais de cinquenta anos.
O relato, carregado de emoção, foi compartilhado por sua filha, Jardete de Freitas, em entrevista ao g1. Ela lamentou profundamente que a mãe tenha partido sem notícias do irmão. “Conversei com ela para que se sentisse perdoada, para que descansasse e fosse morar com Deus”, contou, lembrando dos últimos momentos de Amélia, que sofreu uma parada respiratória.
Amélia enfrentava problemas de saúde há três anos, período em que revelou de forma clara seu maior desejo: reencontrar o filho perdido. A lembrança do passado trouxe à tona a história da separação. Adauto Lemos Ribeiro nasceu em 1967 e foi entregue a um casal vizinho em Jacupiranga, após o pai abandonar Amélia ainda grávida.
Sem condições de criar a criança sozinha, ela recorreu à chamada “adoção à brasileira”, feita de maneira informal — e hoje, um grande obstáculo para localizar o filho. Desde que a mãe adoeceu, Jardete iniciou uma busca incansável pelo irmão. A única pista concreta indica que a família adotiva teria morado em Cajati, mas o casal responsável por criá-lo já faleceu.
A ausência de registros oficiais em delegacias, escolas e órgãos públicos tem dificultado cada passo da investigação. Apesar disso, Jardete mantém viva a missão da mãe. Amélia já foi sepultada, mas o desejo de reencontro não morreu com ela.
Determinada a honrar o último pedido da mãe, Jardete declarou que seguirá procurando Adauto: “Quero continuar, para que ele conheça a família — se ele quiser”, afirmou, mantendo a esperança de que um dia a história tenha um novo capítulo.
A história de Amélia também chamou a atenção de moradores da região, que acompanharam de perto a luta silenciosa dessa mãe ao longo dos anos. Muitos relataram que ela sempre demonstrou carinho e preocupação pelo filho distante, mesmo sem nunca ter tido notícias concretas sobre seu paradeiro. Para vizinhos e amigos, o maior sofrimento de Amélia era não saber se Adauto estava bem, se havia sido feliz ou se um dia entenderia as circunstâncias que levaram à separação.
Com a repercussão do caso, algumas pessoas de Registro e cidades vizinhas começaram a se mobilizar espontaneamente para ajudar na busca por Adauto. Grupos de redes sociais passaram a compartilhar fotos antigas e informações fornecidas por Jardete, na esperança de que alguém reconheça o nome, a história ou algum detalhe que possa indicar o paradeiro do irmão desaparecido. Embora ainda não haja novas pistas, o movimento trouxe conforto à família, que se sentiu acolhida em meio ao luto.
Especialistas em direito da família e genealogia também comentaram o caso, explicando que adoções informais como a de Adauto, comuns em décadas passadas, são hoje motivo de grande preocupação. Sem registros oficiais, muitas pessoas crescem sem saber suas origens e enfrentam enormes dificuldades quando tentam descobrir sua história. Para Jardete, essa realidade não é apenas um desafio burocrático — é uma chance de honrar a memória da mãe e, quem sabe, restaurar um elo familiar interrompido pelo tempo e pela necessidade.
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