Identificada a farmacêutica que foi atacada e morta pelo ex em SP

O caso deixou a comunidade local em choque. Em uma manhã comum no município de Santo André, no ABC Paulista, um episódio comovente interrompeu a rotina tranquila de um bairro residencial. A ocorrência, registrada por volta das 8h15 deste domingo, expôs mais uma vez o impacto devastador de relações marcadas por controle, violência e possessividade.

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que, no Brasil, uma mulher é vítima de feminicídio a cada sete horas, reforçando a urgência de estratégias efetivas de prevenção, educação e acolhimento às vítimas.

A vítima, Daniele Guedes Antunes, de 38 anos, era farmacêutica e mãe de dois filhos. Segundo familiares, ela foi atacada dentro de casa pelo ex-companheiro, Cristian Antunes, com quem manteve um relacionamento de 20 anos. Mesmo após o término do casamento, Cristian demonstrava resistência em aceitar a separação, conforme relatos da família.

Relatórios das autoridades apontam que a Polícia Militar foi acionada após um chamado de emergência envolvendo violência doméstica. No local, os agentes encontraram Daniele ferida e caída ao chão, ao lado de Cristian, que teria admitido o ataque no momento da abordagem. A filha mais nova do casal, de apenas 11 anos, estava presente e presenciou toda a cena.

Daniele foi socorrida pelo Samu e levada ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos. A perícia compareceu ao local para realizar os procedimentos legais e recolher a arma branca utilizada no crime. O caso foi registrado como feminicídio, e o agressor permanece detido, segundo informou a Secretaria de Segurança Pública.

Familiares relataram que o histórico de agressões já existia. Uma prima da vítima afirmou que Daniele havia sido agredida em outubro, mas não registrou ocorrência por medo e receio de retaliação. A ausência de denúncias evidencia o ciclo silencioso que aprisiona muitas mulheres em relações abusivas, reforçando a importância de políticas públicas que ampliem mecanismos de proteção, suporte emocional e orientação jurídica.

A morte de Daniele comoveu moradores do bairro, que se uniram em manifestações espontâneas de apoio à família. Vizinhos relataram que ela era uma mulher dedicada, sempre cordial, e que demonstrava grande amor pelos filhos. A tragédia gerou um forte sentimento de indignação e reforçou debates sobre a necessidade de mais ações comunitárias para identificar e apoiar mulheres em situação de risco.

Especialistas em violência doméstica ressaltam que o caso evidencia padrões comuns em relacionamentos abusivos, como o controle emocional, a manipulação psicológica e a dificuldade do agressor em aceitar o fim da relação. Segundo eles, o feminicídio geralmente é o desfecho extremo de uma sequência prolongada de agressões e ameaças, que muitas vezes não chegam ao conhecimento das autoridades.

Organizações de defesa dos direitos das mulheres reforçaram a importância de que casos como o de Daniele sirvam de alerta para outras vítimas que convivem com o medo e o silêncio. Campanhas de conscientização, ampliação da rede de apoio e fortalecimento de canais de denúncia são apontados como caminhos essenciais para evitar que outras vidas sejam interrompidas por um ciclo de violência que pode — e deve — ser rompido.

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