Acidente aéreo mata 4 pessoas; avião pegou fogo depois de cair ao lado da pista (vídeo)
O acidente aéreo ocorreu na noite desta terça-feira, 23 de setembro, no Pantanal sul-mato-grossense, resultando na morte de quatro pessoas. Acidentes aéreos, mesmo em voos curtos, quase sempre deixam perdas irreparáveis. O impacto, as condições extremas e a inflamabilidade do combustível tornam mínimas as chances de sobrevivência.
Segundo o Corpo de Bombeiros, a aeronave modelo Cessna 175, fabricada em 1958 e registrada sob a matrícula PT-BAN, tentou realizar uma arremetida pouco antes de tocar a pista de pouso em uma fazenda. A manobra não teve sucesso e o avião colidiu ao lado da área de pouso, explodindo logo em seguida.
Funcionários da fazenda presenciaram a cena e correram para ajudar, utilizando um trator e um caminhão-pipa no combate às chamas. Apesar dos esforços, os ocupantes não resistiram. A operação de resgate durou cerca de nove horas, dificultada pelas condições do terreno e pelo difícil acesso ao local.
A Força Aérea Brasileira (FAB) acionou o SERIPA IV, órgão responsável por investigar acidentes aeronáuticos. Ainda não há definição sobre as causas da queda. Documentos da ANAC indicam, no entanto, que a aeronave tinha autorização apenas para voos sob regras visuais e em condições diurnas, o que pode se tornar um ponto relevante na apuração.
Entre as vítimas estava o arquiteto chinês Kongjian Yu, referência mundial em urbanismo sustentável e criador do conceito das chamadas “cidades-esponja”, que inspiraram projetos em mais de 70 cidades no mundo. Ele estava no Brasil para participar de iniciativas ligadas ao meio ambiente e também colaborava em um documentário sobre a região do Pantanal.
O acidente também vitimou os cineastas brasileiros Luiz Ferraz e Rubens Crispim Jr., profissionais reconhecidos no cenário audiovisual. Ambos tinham carreiras voltadas para documentários e já haviam trabalhado em produções exibidas em canais internacionais como National Geographic e Discovery Channel. A parceria com Kongjian Yu buscava dar visibilidade às questões ambientais do bioma pantaneiro.
A quarta vítima foi o piloto Marcelo Pereira de Barros, morador de Aquidauana (MS) e proprietário da aeronave. Reconhecido pela experiência em voos na região, Marcelo era frequentemente contratado para sobrevoos turísticos e ambientais no Pantanal e na Serra da Bodoquena. Ele deixa dois filhos e era bastante conhecido na comunidade local.
A morte de Kongjian Yu representa uma perda significativa para o debate internacional sobre urbanismo sustentável. Sua visão inovadora de integrar cidades e natureza, transformando áreas urbanas em espaços capazes de absorver chuvas e reduzir enchentes, foi adotada em países como China, Estados Unidos e França. Sua vinda ao Brasil sinalizava um diálogo importante entre ciência e preservação ambiental.
No campo cultural, a ausência de Ferraz e Crispim Jr. interrompe trajetórias de grande relevância. Seus trabalhos deram visibilidade a histórias e temas brasileiros pouco explorados, ampliando a presença nacional no cenário internacional do documentário. A tragédia encerra um projeto em andamento que unia cinema, arquitetura e meio ambiente em prol da conscientização global.
O episódio expõe, mais uma vez, a vulnerabilidade de aeronaves de pequeno porte, sobretudo em regiões de difícil acesso como o Pantanal. A investigação deverá apontar se falhas técnicas, humanas ou operacionais contribuíram para o acidente. Enquanto isso, o país e o mundo lamentam a perda de profissionais cujas contribuições deixaram marcas profundas no urbanismo, no cinema e na aviação regional.
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