As 4 vítimas de avião que caiu em MS, são identificadas dentre elas um arquiteto chines de renome mundial

O acidente aéreo ocorreu na tarde desta terça-feira, 23 de setembro, no Pantanal sul-mato-grossense, durante o pouso de uma aeronave em uma fazenda da região. Tragédias envolvendo pequenos aviões, embora menos frequentes que voos comerciais, quase sempre resultam em fatalidades, devido à força do impacto e à inflamabilidade do combustível. Dessa vez, quatro pessoas perderam a vida.

Segundo o Corpo de Bombeiros, a aeronave Cessna 175 tentou arremeter pouco antes de tocar a pista, mas acabou colidindo ao lado do local de pouso. O choque foi seguido por uma explosão imediata. Funcionários da fazenda correram para socorrer as vítimas e usaram um caminhão-pipa e um trator no combate às chamas, mas não houve sobreviventes. O difícil acesso ao local e as condições do terreno prolongaram a operação de resgate, que durou quase nove horas.

Entre as vítimas estava o renomado arquiteto e urbanista chinês Kongjian Yu, professor da Universidade de Pequim e criador do conceito das “cidades-esponja”, modelo de urbanismo sustentável adotado em mais de 70 cidades ao redor do mundo. Considerado uma das maiores vozes da arquitetura contemporânea, ele estava no Brasil para participar de gravações e projetos ligados ao meio ambiente.

O acidente também vitimou dois nomes de peso do cinema brasileiro: o documentarista Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz, diretor de produções indicadas ao Emmy Internacional, e o cineasta Rubens Crispim Jr., conhecido por seu trabalho versátil em documentários e conteúdos para canais como Discovery Channel e National Geographic. Ambos estavam em viagem de trabalho para registrar projetos relacionados à preservação ambiental no Pantanal.

O quarto ocupante era o piloto Marcelo Pereira de Barros, proprietário da aeronave e morador de Aquidauana (MS). Reconhecido pela experiência em sobrevoos no Pantanal e na Serra da Bodoquena, Marcelo era admirado por sua dedicação à aviação regional. Ele deixa dois filhos.

A morte de Kongjian Yu representa uma perda global para a arquitetura e o urbanismo sustentável. Seu conceito de “cidades-esponja” revolucionou a forma como o mundo enxerga a adaptação das cidades às mudanças climáticas, inspirando projetos de drenagem natural e convivência equilibrada entre espaços urbanos e a natureza. Sua ausência deixa um vazio em debates ambientais e urbanísticos internacionais.

No campo audiovisual, a ausência de Ferraz e Crispim Jr. interrompe trajetórias de relevância inquestionável. Juntos, eles colecionaram contribuições que ajudaram a dar visibilidade à cultura, ao meio ambiente e a histórias humanas contadas em forma de documentário. A parceria com Kongjian Yu tinha como objetivo ampliar o alcance de ideias sustentáveis em escala global, unindo cinema e ciência em prol da conscientização ambiental.

O acidente também levanta discussões sobre a segurança da aviação de pequeno porte no Brasil, especialmente em áreas de difícil acesso como o Pantanal. A investigação ficará a cargo do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que deve analisar fatores técnicos, condições climáticas e possíveis falhas mecânicas para identificar as causas da queda.

Enquanto autoridades trabalham para esclarecer a tragédia, familiares, colegas e admiradores lamentam a perda repentina de profissionais que deixaram contribuições expressivas em suas áreas. O episódio reforça a vulnerabilidade de voos regionais e, ao mesmo tempo, marca uma despedida precoce de talentos que dedicaram suas vidas à inovação, à arte e à preservação do planeta.

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