Chegaram ao fim as buscas pela mulher desaparecida, e o desfecho é triste

Desaparecimento seguido de morte em Peruíbe intriga autoridades e expõe fragilidade no sistema de busca por pessoas

Casos de desaparecimento continuam figurando entre os principais desafios sociais enfrentados no Brasil, afetando milhares de famílias a cada ano. Segundo dados mais recentes do Ministério da Justiça, mais de 66 mil pessoas desapareceram no país apenas em 2024, sendo crianças e adolescentes um dos grupos mais vulneráveis.

Embora haja iniciativas voltadas à prevenção e localização dessas pessoas, nem todos os casos têm desfechos positivos. Um exemplo doloroso ocorreu em Peruíbe, no litoral de São Paulo, onde o corpo de Raquel Pinheiro Aranda, de 49 anos, foi encontrado em uma área de mata na manhã do último domingo, 6 de julho, três dias após seu desaparecimento.

O caso, que inicialmente foi registrado como morte suspeita, chamou atenção por não apresentar sinais visíveis de violência. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a vítima foi localizada por um trabalhador que passava pela região e avistou o corpo entre a vegetação. Imediatamente, ele acionou a Polícia Militar, que confirmou a ocorrência e chamou o Samu, responsável por atestar o óbito.

Raquel havia sido dada como desaparecida no dia 3 de julho. A notícia mobilizou moradores e familiares nas redes sociais, especialmente o filho da vítima, que fez apelos emocionados pedindo informações sobre o paradeiro da mãe. A comoção foi grande na cidade, e o desfecho trágico deixou a população abalada.

A Delegacia de Peruíbe abriu inquérito para apurar as causas da morte. Embora o corpo não apresentasse lesões aparentes, os investigadores não descartam nenhuma hipótese e aguardam os resultados da perícia do Instituto Médico Legal (IML) para determinar a real causa do óbito.

A prefeitura municipal emitiu nota de pesar e se colocou à disposição da família. “Nos solidarizamos com todos os que conviviam com Raquel e esperamos que as autoridades consigam esclarecer os fatos com a maior brevidade possível”, dizia o comunicado.

Entre os moradores, o clima é de insegurança e questionamentos. Muitos se perguntam como uma mulher adulta, aparentemente saudável, pode desaparecer em plena luz do dia e ser encontrada dias depois sem explicações claras. A área onde o corpo foi localizado, apesar de próxima a regiões residenciais, é pouco movimentada, o que pode ter dificultado buscas iniciais.

O episódio também levanta dúvidas sobre possíveis lacunas nos protocolos de resposta a desaparecimentos. Especialistas apontam que, em muitos casos, o tempo de espera até o início formal das investigações pode comprometer a eficácia das buscas. Embora a lei brasileira permita o registro imediato de desaparecimento, a cultura ainda leva muitas famílias a enfrentarem resistência nos primeiros momentos.

Diante da crescente demanda por políticas públicas voltadas ao tema, foi lançado recentemente o Observatório de Desaparecimento de Pessoas (Obdes), uma iniciativa conjunta do Ministério dos Direitos Humanos e da Universidade de Brasília. O projeto visa centralizar dados, identificar padrões e aprimorar estratégias de prevenção e resposta.

Casos como o de Raquel evidenciam a urgência de ampliar o debate público sobre o desaparecimento de pessoas e reforçar as redes de apoio às famílias afetadas. Em meio ao luto, permanece o apelo por justiça e por respostas que ainda não chegaram.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *