Homem que matou professor para vingar morte do filho em SC, sofreu outra grande perda 2 dias antes do crime
Tio e sobrinho são presos pela execução de professor em São José
A dor da perda é um dos sentimentos mais intensos que o ser humano pode enfrentar. Em muitos casos, ela leva a reflexões profundas e à busca por recomeços, mas também pode despertar reações impensadas, resultando em escolhas que ampliam ainda mais o sofrimento. Foi nesse contexto que ocorreu a execução do professor Lucas Antônio de Lacerda, de 39 anos, morto a tiros em São José, na Grande Florianópolis, em um episódio marcado por inconformismo e sede de vingança.
Segundo a Polícia Civil, o crime foi cometido por um homem de 45 anos, que havia perdido o filho em um acidente de trânsito em 2024 envolvendo o professor. A tragédia foi agravada pela morte da esposa, apenas dois dias antes da execução. Esse acúmulo de perdas teria funcionado como gatilho para que ele buscasse vingança.
De acordo com o inquérito, o homem, acompanhado do sobrinho de 24 anos, surpreendeu Lucas em frente a uma padaria, disparando pelo menos 21 vezes, dos quais nove tiros atingiram a vítima. O ataque brutal não deixou chance de defesa.
As investigações apontam que o professor respondia a um processo por homicídio culposo relacionado ao acidente, mas perícias confirmaram que não houve negligência de sua parte. O motociclista que morreu era filho do autor e trafegava a 97 km/h em uma via com limite de 40 km/h. Mesmo com essa constatação, a denúncia foi mantida pela Justiça, e a audiência estava prevista para 2026.
Lucas, conhecido carinhosamente como Prof. Luquinha, era mestre em Linguística pela UFSC e lecionava em cursinhos e no ensino médio. Alunos e colegas o descrevem como dedicado, carismático e apaixonado pelo ensino. Sua execução abalou profundamente a comunidade escolar, que se mobilizou em manifestações de luto e solidariedade.
Especialistas em psicologia destacam que, diante de tragédias familiares, o apoio emocional e psicológico é fundamental para evitar que sentimentos de revolta se transformem em violência. A execução do professor evidencia o quanto a ausência desse suporte pode gerar desfechos ainda mais devastadores.
O episódio também reacende o debate sobre a cultura de vingança e a perigosa prática da “justiça com as próprias mãos”. Para autoridades, esse tipo de atitude não traz consolo às famílias enlutadas e apenas perpetua o ciclo de dor, afetando ainda mais pessoas inocentes.
Enquanto a Justiça segue apurando o caso, o legado de Lucas permanece entre os alunos que o tiveram como mestre e nos projetos educacionais que ele desenvolveu. Sua memória se torna um lembrete da importância de valorizar a vida, defender o diálogo e buscar soluções que não passem pela violência.
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