Mesmo com nota fiscal, vendedor ambulante é agredido por seguranças de shopping em São Paulo: “Orei pra não morrer”
Vendedor ambulante é espancado por seguranças após comprar chocolates em shopping de Santo André
O que era para ser uma simples ida ao shopping se transformou em um episódio de violência brutal e revoltante. No último domingo, 20 de abril, Alison Souza Pedro, de 20 anos, vendedor ambulante e morador da Grande São Paulo, foi agredido por seguranças do Gran Plaza Shopping, em Santo André, após ter comprado chocolates em uma das lojas do local.
Segundo o relato da vítima, ele havia entrado na loja Americanas para adquirir alguns doces. Mesmo portando as notas fiscais que comprovavam a compra, foi seguido por um dos seguranças assim que deixou o estabelecimento. “Sem falar nada, ele já foi me dando soco e falando que eu era ladrão, que tinha roubado as Americanas, e chamou outros seguranças. Aí saí correndo”, contou Alison ao portal Metrópoles.
A perseguição terminou no estacionamento do shopping, onde ele foi alcançado por três seguranças, imobilizado e brutalmente espancado. Alison afirma que foi arrastado até uma escada e ali sofreu socos, chutes e até pauladas. “Caí no chão e pisaram em minha costela. Eu conseguia ver tudo, mas meu corpo não se mexia. Enquanto me batiam, um deles ainda disse para eu rezar pra ficar vivo”, desabafou o jovem, visivelmente abalado.
Após as agressões, os agressores o mandaram correr, deixando para trás a mochila de Alison, seu boné e os produtos comprados — incluindo as notas fiscais, que provavam que nada havia sido furtado. O celular do jovem também foi quebrado durante o ataque. Segundo a administração do shopping, os seguranças envolvidos foram afastados preventivamente, e o caso está sendo investigado.
O episódio trouxe à tona debates urgentes sobre o abuso de autoridade e o racismo estrutural que permeia diversos setores da sociedade, incluindo a segurança privada. Jovens negros e trabalhadores informais frequentemente são alvos de abordagens violentas, mesmo quando não há qualquer indício de ilegalidade em suas ações.
Especialistas em direitos humanos ressaltam a importância da capacitação adequada para profissionais de segurança, que devem atuar com base em protocolos legais, e não em estereótipos e preconceitos. Ações como a que vitimou Alison revelam um despreparo preocupante e a urgência de mudanças estruturais no setor.
Alison, que trabalha desde a adolescência e luta diariamente para garantir seu sustento de forma honesta, agora se vê diante do trauma físico e psicológico deixado pela violência. A comunidade local e movimentos sociais pedem justiça e responsabilização imediata dos envolvidos, além de ações mais contundentes por parte da administração do shopping.
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