Pai de jovem morta em BH faz desabafo comovente: ‘uma trans não tem o direito de viver em paz?’

A jovem morreu após ficar internada por vários dias. Na última segunda-feira (10/11), a família de Alice Martins Alves realizou o velório da jovem em Belo Horizonte, Minas Gerais. Alice morreu após quase 20 dias de internação, depois de ter sido vítima de um ataque violento que comoveu a comunidade e reacendeu debates sobre segurança e intolerância.

O crime aconteceu no último dia 23 de outubro, quando Alice deixava uma festa no bairro Savassi, uma região bastante movimentada da capital mineira. A jovem foi atacada de forma brutal por um homem, e pelo menos outros dois indivíduos participaram do crime, segundo informações iniciais das autoridades.

Alice chegou a retornar para casa após o ataque, mas apresentava ferimentos graves. Diante da gravidade da situação, a família a levou imediatamente para o hospital e também registrou um boletim de ocorrência denunciando a agressão.

O caso está sob responsabilidade do Núcleo Especializado de Investigação de Feminicídios (Neif) do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil. Até o momento, as autoridades não divulgaram novas informações sobre o andamento das investigações, mas foi confirmado que o crime foi parcialmente registrado por câmeras de segurança na Avenida Getúlio Vargas, onde o ataque ocorreu.

Durante o velório, familiares e amigos se reuniram em clima de profunda comoção. Em entrevista breve à imprensa, o pai da vítima expressou sua dor e falou sobre a trajetória da filha. Ele contou que Alice vinha enfrentando dificuldades por conta da intolerância e que, mesmo assim, lutava diariamente por aceitação e respeito.

Emocionado, o pai relatou que Alice vinha sentindo medo de sair de casa nos últimos meses. Ele e outros familiares tentavam apoiá-la e incentivá-la a retomar a vida social. No entanto, a saída para a festa acabou se tornando o último momento da jovem fora de casa. “Será que uma trans não tem o direito de viver em paz? Agora perdi uma grande parceira, amiga. Eu parei de sair de casa para ficar com ela”, desabafou o pai, com a voz embargada.

O caso provocou grande repercussão nas redes sociais e entre movimentos de defesa dos direitos humanos. Diversas entidades manifestaram solidariedade à família e cobraram celeridade nas investigações. Para organizações que atuam na proteção de pessoas LGBTQIAPN+, a morte de Alice é mais um exemplo alarmante da violência de gênero que ainda persiste no país.

A tragédia trouxe à tona discussões urgentes sobre respeito, empatia e segurança. Amigos de Alice lembraram dela como uma pessoa carinhosa, divertida e cheia de sonhos. Em meio ao luto, a família espera que a morte da jovem não seja em vão e que sirva de alerta para a necessidade de combater o ódio e garantir o direito de todos a viverem com dignidade e paz.

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