‘Professor opressor’: docente agredido por pai de aluna já foi alvo da PF e é criticado por alunos
O caso gerou polêmica e dividiu opiniões. Na última segunda-feira (20/10), um episódio de agressão envolvendo um professor no Distrito Federal ganhou grande repercussão nas redes sociais. O docente, que lecionava matemática, foi atacado pelo pai de uma aluna após pedir que a estudante guardasse o celular durante a aula.
Essa foi a primeira versão dos fatos apresentada quando a notícia começou a circular. No entanto, novas versões do ocorrido surgiram a partir de depoimentos de testemunhas, o que intensificou ainda mais o debate público sobre o caso.
Pelas redes sociais, uma aluna da mesma escola se manifestou sobre o episódio. A jovem, que afirma ser amiga da estudante envolvida, alegou que o professor agredido, na realidade, teria humilhado a menina em sala de aula. A declaração rapidamente se espalhou e passou a dividir opiniões entre pais, professores e internautas.
Segundo o relato dessa testemunha, o professor era conhecido na unidade escolar por adotar comportamentos considerados abusivos, como gritos e atitudes que constrangiam os alunos. A estudante detalhou ainda o que teria acontecido antes da agressão, apontando que o conflito foi consequência de uma série de desentendimentos anteriores.
De acordo com o relato, a aluna envolvida no caso é deficiente visual e faz uso de óculos com grau alto. Ela estaria temporariamente sem o acessório, que havia quebrado, e a família não possuía condições financeiras de substituí-lo imediatamente. Para acompanhar as aulas, a jovem utilizava o celular como ferramenta de apoio, algo que, segundo colegas, era de conhecimento de todos os professores. No entanto, Emerson teria se incomodado com o uso do aparelho e, no dia dos fatos, acabou expondo e humilhando a aluna diante da turma.
Após ouvir o relato da filha, o pai da estudante teria ido até a escola para conversar com o professor. O que começou como uma tentativa de diálogo terminou em agressão física dentro da sala dos professores. De acordo com testemunhas, outros alunos presenciaram o momento e até chegaram a aplaudir o pai da menina, o que gerou reações diversas nas redes sociais sobre os limites da violência e da autoridade dentro do ambiente escolar.
O caso reacendeu o debate sobre a relação entre professores, alunos e famílias, além de levantar questionamentos sobre como as escolas lidam com situações de inclusão e deficiência. Especialistas em educação destacaram a importância de capacitar docentes para lidar com alunos com necessidades específicas e evitar constrangimentos que possam gerar traumas ou conflitos. O episódio também expôs a urgência de promover um ambiente escolar mais empático e preparado para acolher as diferenças.
Por outro lado, muitos profissionais da educação manifestaram preocupação com a escalada de violência contra professores. Em grupos e fóruns online, diversos docentes relataram medo e desamparo, ressaltando que, independentemente das circunstâncias, nenhuma forma de agressão física deve ser tolerada. O sindicato dos professores do DF afirmou que acompanha o caso e defende que o episódio seja apurado de forma imparcial e transparente.
Emerson Teixeira, o professor envolvido, mantinha um perfil nas redes sociais onde se autointitulava “professor opressor”. No YouTube, acumulava cerca de 200 mil seguidores, mas seus vídeos foram retirados do ar após o incidente. Ele já havia sido investigado pela Corregedoria após comemorar a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018 dentro da sala de aula, realizando um churrasco e publicando o registro nas redes. Em uma das postagens, chegou a afirmar que “a matemática não é importante”.
O professor também foi alvo de investigação da Polícia Federal por suposto envolvimento em atos antidemocráticos. Na ocasião, teve aparelhos apreendidos, mas até o momento não há novas informações sobre o andamento do caso. Enquanto isso, a direção da escola informou que está colaborando com as autoridades e que uma sindicância interna foi aberta para apurar todos os fatos.
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