Professora tem a vida tirada na frente do seu filho pequeno e ex diz o motivo: “Não estou arrependido”
A cidade de Sarandi, no Paraná, foi abalada por um crime brutal que ocorreu na noite de quarta-feira, 24 de setembro. A professora Fabiane Osmundo Souza, de 41 anos, foi assassinada a facadas pelo ex-marido, um ex-pastor de 43 anos, na frente do filho mais novo do casal. O caso chocou não apenas a comunidade local, mas também ganhou repercussão nacional pela crueldade envolvida.
O suspeito foi preso em flagrante logo após o crime e confessou o assassinato sem demonstrar arrependimento. Durante uma entrevista concedida à imprensa, ele declarou: “Ela me traiu, tem que morrer”, afirmando ainda que teria agido em nome da própria dignidade. A justificativa dada pelo autor, porém, escancara o caráter cruel e injustificável da violência de gênero que vitimiza milhares de mulheres no Brasil todos os anos.
Fabiane foi atacada dentro de casa e esfaqueada cerca de 30 vezes. O filho de apenas cinco anos presenciou toda a cena de horror, e a professora também deixa outro filho, de 13 anos. Após o crime, o agressor tentou fugir em uma moto, mas sofreu um acidente e abandonou o veículo. Em seguida, continuou a fuga a pé, deixando para trás a arma usada no assassinato. Momentos depois, ele foi reconhecido por vizinhos e entregue à polícia.
De acordo com informações da Polícia Militar, a professora já havia solicitado medidas protetivas contra o ex-marido, que possuía histórico de violência. O homem chegou a ser preso anteriormente por depredar a residência da vítima, mas, após ser liberado, voltou a ameaçá-la. O desfecho trágico, portanto, foi resultado de uma escalada de agressões que poderia ter sido evitada.
Esse caso reforça a urgência em se discutir a efetividade das medidas protetivas no Brasil. Muitas vezes, as vítimas de violência doméstica não encontram a devida proteção após denunciarem seus agressores, ficando vulneráveis a novos ataques. Especialistas apontam que a fiscalização do cumprimento dessas medidas precisa ser aprimorada para salvar vidas.
Outro ponto alarmante é o impacto psicológico causado às crianças que vivenciam esse tipo de situação. O filho mais novo do casal, que presenciou o feminicídio, terá de lidar com traumas profundos e irreversíveis. Isso evidencia a necessidade de políticas públicas que ofereçam suporte psicológico imediato e contínuo a filhos e familiares de vítimas de violência doméstica.
Além disso, o feminicídio de Fabiane traz à tona um problema estrutural: o machismo enraizado que legitima, para alguns homens, a ideia de posse sobre a vida das mulheres. A declaração do agressor, ao afirmar que matou por “dignidade”, ilustra como construções sociais distorcidas ainda perpetuam comportamentos violentos. Esse tipo de pensamento precisa ser combatido com educação, conscientização e ações efetivas de prevenção.
A morte da professora Fabiane não deve ser vista apenas como mais uma estatística, mas como um alerta doloroso. Enquanto a violência contra a mulher for tratada de forma secundária, outras vidas continuarão sendo interrompidas precocemente. O caso expõe, mais uma vez, a urgência de políticas públicas mais rígidas, campanhas de conscientização e o fortalecimento de redes de apoio às vítimas, para que histórias como essa não se repitam.
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