Sobrevivente descreve cenas de horror após ônibus tombar: “Pessoas gritando por socorro”

A sobrevivente de um dos acidentes mais trágicos do ano nas estradas de Pernambuco contou o que viu após o tombamento do ônibus que deixou 17 mortos e dezenas de feridos. Seu relato revela momentos de desespero e solidariedade em meio ao caos.

Em uma das ocorrências mais devastadoras registradas na BR-423, entre Paranatama e Saloá, o ônibus que transportava sacoleiros da Bahia teve sua viagem interrompida de forma abrupta na noite de sexta-feira, 17 de outubro. O grupo retornava de Santa Cruz do Capibaribe, onde havia ido realizar compras no tradicional polo têxtil da região.

A comerciante Marlete Batista Neves Fernandes, uma das sobreviventes, concedeu entrevista à TV Sudoeste e descreveu o pânico que tomou conta de todos após o acidente. “Eu só vi gente morta, sangue, gente gritando por socorro. Foi uma loucura, entrei em estado de choque”, relatou, ainda bastante abalada.

Comovida, Marlete contou que rasgou o próprio vestido para estancar o sangramento de uma amiga ferida. Ela tentou ajudar outras pessoas, mesmo ferida e desorientada. “Eu só pensava em sair dali viva e ajudar quem eu pudesse. A cena foi horrível, uma coisa que eu nunca vou esquecer”, disse.

Antes do tombamento, a sobrevivente percebeu que o veículo estava em alta velocidade e chegou a alertar uma amiga, comentando que o motorista “estava doido”. Poucos minutos depois, o ônibus começou a andar em zigue-zague e, em seguida, saiu da pista.

Além do trauma físico, Marlete enfrenta uma dor ainda maior: a incerteza sobre o paradeiro de sua cunhada, que também estava a bordo e continua desaparecida. Entre a esperança e o medo, ela aguarda por informações das autoridades e hospitais da região. “Eu só quero saber se ela está viva. É o que mais peço a Deus”, desabafou.

O relato da sobrevivente ajuda a esclarecer os instantes que antecederam a tragédia. Segundo ela, o motorista parecia nervoso e fazia manobras arriscadas. O próprio condutor, que sobreviveu, alegou posteriormente uma falha no sistema de freios. A Polícia Civil e a Polícia Rodoviária Federal seguem investigando o caso, analisando se houve falha mecânica ou excesso de velocidade.

Especialistas em transporte afirmam que casos como este reforçam a necessidade de manutenção rigorosa dos veículos e fiscalização constante das empresas que realizam viagens longas. Muitas vezes, ônibus fretados para excursões comerciais operam com sobrecarga de passageiros e sem revisão adequada — um cenário que pode transformar rotinas de trabalho em tragédias.

Enquanto as investigações continuam, famílias das vítimas vivem dias de angústia e luto. Marlete resume o sentimento de todos os sobreviventes ao relembrar as últimas horas antes do acidente: “Era pra ser uma viagem feliz, de trabalho, de conquistas… mas acabou de uma maneira muito triste para todos nós.”

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