Triste história do jovem que foi devorado por leoa após invadir jaula é divulgada por conselheira tutelar
A história do jovem ganhou grande repercussão após ser divulgada pela conselheira tutelar que o acompanhava, revelando detalhes marcados por abandono, negligência e sofrimento. Gerson de Melo Machado, de 19 anos, morreu de forma trágica no dia 30 de novembro, em um episódio que deixou o país em choque.
Segundo informações do portal UOL e da conselheira tutelar Verônica Oliveira, que acompanhou o jovem por quase uma década, Gerson invadiu a jaula de uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara (Bica), em João Pessoa. O ataque aconteceu diante de visitantes e funcionários, que ficaram horrorizados com a cena.
De acordo com Verônica, a invasão não foi um ato impensado, mas resultado de um delírio persistente. Gerson alimentava há anos o sonho de viajar para a África e se tornar “domador de leões”. A conselheira relatou que, em outra ocasião, o jovem chegou a ser encontrado preso ao trem de pouso de um avião, acreditando que chegaria ao continente africano.
A história de Gerson comove ainda mais pela trajetória de abandono. Diagnosticado com retardo mental e esquizofrenia, ele era o único entre cinco irmãos que não havia sido adotado após a retirada do convívio com a mãe, também portadora de esquizofrenia. Desde a infância, Gerson transitou entre abrigos e as ruas, sem receber o suporte adequado.
O caso expôs falhas graves do poder público. Na semana anterior à tragédia, o jovem havia sido preso em flagrante após tentar arrombar um caixa eletrônico e atirar pedras contra policiais. Durante a audiência de custódia, foi recomendada internação psiquiátrica. No entanto, sem acompanhamento efetivo, Gerson acabou retornando às ruas, vulnerável e desassistido.
Para Verônica, o laudo médico que atestava as condições mentais do jovem, emitido apenas em 2023, chegou tarde demais. Ele não foi suficiente para evitar anos de violência, violações e abandono. A notícia de sua morte gerou revolta entre aqueles que acompanharam sua vida marcada por negligência. “Todo o poder público falhou com ele, com a família”, desabafou a conselheira, lamentando que apenas uma tragédia dessa dimensão tenha evidenciado a urgência dos cuidados que o jovem precisava — e nunca recebeu.
A tragédia reacende o debate sobre a falta de políticas públicas eficazes para jovens em situação de vulnerabilidade extrema, especialmente aqueles com transtornos mentais graves. Especialistas apontam que casos como o de Gerson não são isolados e refletem falhas estruturais em serviços de assistência social, saúde mental e acompanhamento familiar.
Organizações de direitos humanos também se manifestaram, destacando que a morte do jovem poderia ter sido evitada com uma rede de proteção mais sólida. Para essas entidades, o episódio evidencia a necessidade de programas contínuos de suporte psicológico, supervisão especializada e tratamento adequado, evitando que jovens com transtornos severos fiquem desamparados.
Enquanto isso, o Parque Zoobotânico Arruda Câmara informou que revisará seus protocolos de segurança após o incidente. A administração lamentou profundamente a tragédia e afirmou que colaborará integralmente com as investigações. Para muitos, o caso servirá como um alerta urgente sobre a importância de integrar políticas de saúde mental com ações reais de proteção social.
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