Caso Larissa Rodrigues: sogra envenenou nora por vários dias até dose fatal
MP denuncia médico e mãe por homicídio triplamente qualificado contra professora de pilates em SP
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou, nesta terça-feira (1º), o médico Luiz Antônio Garnica e sua mãe, Elizabete Arrabaça, por homicídio triplamente qualificado. Ambos são acusados de envenenar de forma progressiva a professora de pilates Larissa Rodrigues, esposa de Garnica, em um crime que chocou o estado pela frieza e premeditação.
De acordo com a denúncia, o assassinato foi cuidadosamente planejado ao longo de aproximadamente duas semanas. Durante esse período, Larissa consumiu alimentos contaminados com chumbinho — uma substância altamente tóxica usada como raticida. O veneno teria sido administrado por Elizabete, sob instrução direta do filho, responsável pela concepção e execução do plano criminoso.
Motivos financeiros estariam por trás do assassinato. Larissa teria descoberto uma traição e decidido se separar, o que, segundo as investigações, motivou o casal de acusados a arquitetar sua morte. O promotor de Justiça Marcus Túlio Nicolino classificou a conduta como “extremamente fria”, destacando o uso de meios cruéis, como o envenenamento gradual, que dificultou qualquer chance de defesa da vítima.
A denúncia apresentada pelo MPSP inclui três qualificadoras do crime de homicídio: motivo torpe, uso de veneno e impossibilidade de defesa da vítima. Também foi incluída a tipificação de feminicídio, já que a morte de Larissa ocorreu no contexto de violência de gênero. Luiz Antônio Garnica ainda poderá responder por fraude processual, pois teria manipulado a cena do crime e apagado evidências digitais logo após a morte da esposa.
O comportamento do médico após o crime também chamou a atenção dos investigadores. Garnica teria usado o cartão bancário e o aplicativo financeiro da vítima para realizar pagamentos e transferências poucas horas após sua morte, o que revela, segundo o MP, sua pressa em assumir o controle do patrimônio da esposa.
Ambos os acusados estão presos desde o dia 6 de maio. O Ministério Público solicitou a conversão das prisões temporárias em preventivas, alegando risco real de fuga, dada a condição econômica favorável da família do médico. Também foi pedida a quebra dos sigilos bancários de Garnica e Elizabete para aprofundar as investigações sobre os ganhos financeiros que teriam motivado o assassinato.
O caso teve forte repercussão social, especialmente entre familiares, alunos e colegas de Larissa, que a descrevem como uma mulher dedicada, gentil e admirada por todos. A comunidade do bairro onde ela vivia organizou homenagens e vigílias, exigindo justiça e punição exemplar para os envolvidos.
A morte de Larissa expõe, mais uma vez, o cenário alarmante de feminicídios no Brasil e reforça a importância de ações mais efetivas na proteção de mulheres em situação de vulnerabilidade, mesmo quando o agressor está dentro da própria casa. O julgamento do caso poderá se tornar emblemático para a luta contra a violência de gênero no país.
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