Dentista é achado sem vida em cela de delegacia em SC após polícia confundir sintomas; entenda

Dentista morre em cela após erro de abordagem: laudo confirma infarto e não embriaguez

Um caso comovente e revoltante está gerando intensa repercussão em Santa Catarina e reacendendo o debate sobre os limites da atuação policial. O dentista e servidor público Cézar Maurício Ferreira, de 60 anos, faleceu no último dia 18 de julho dentro de uma cela de delegacia, poucas horas após ser detido sob a suspeita de embriaguez ao volante — acusação que foi posteriormente desmentida por laudo toxicológico oficial.

De acordo com o laudo, Cézar não havia ingerido qualquer bebida alcoólica. Na verdade, ele sofreu um infarto agudo do miocárdio enquanto estava sob custódia e não recebeu o atendimento médico necessário a tempo. Segundo o advogado da família, Wilson Knoner, a ausência de socorro adequado foi determinante para a morte do dentista, que poderia ter sobrevivido se tivesse sido assistido com rapidez e atenção.

A Polícia Militar, responsável pela abordagem, afirmou na ocasião ter detectado “odor etílico”, o que justificou a prisão. No entanto, o laudo desmentiu essa impressão, apontando que não havia álcool no organismo da vítima. A Polícia Civil, por sua vez, concluiu que não houve negligência direta, alegando que os sintomas do infarto não eram evidentes para um leigo. Ainda assim, após a morte, o órgão se comprometeu a rever seus protocolos de atendimento para situações semelhantes.

A tragédia causou comoção entre amigos, colegas de trabalho e familiares. Cézar era servidor concursado do Tribunal Regional do Trabalho, instituição que divulgou nota de pesar destacando sua postura ética e seu comprometimento profissional. Ex-integrante da Marinha do Brasil, ele era conhecido por sua seriedade, cordialidade e dedicação à profissão. Deixa dois filhos e uma comunidade profundamente abalada.

A morte de Cézar levanta questionamentos sobre a forma como suspeitas são tratadas pelas autoridades, especialmente quando envolvem cidadãos sem antecedentes e em condições clínicas frágeis. Para muitos, o caso escancara a urgência de capacitar agentes públicos para reconhecer sinais de emergências médicas e agir com maior cautela diante de suposições não confirmadas.

Além do impacto humano da perda, o caso acendeu um alerta sobre os perigos do julgamento precipitado e da ausência de protocolos claros de triagem médica em detenções. Entidades de direitos humanos e representantes da saúde têm cobrado respostas e mudanças reais, a fim de que tragédias como essa não voltem a se repetir.

No momento, a família de Cézar Ferreira busca justiça. Em meio ao luto, os parentes cobram uma investigação mais aprofundada e medidas reparatórias. “Não se trata apenas da morte de um pai, um servidor ou um dentista. Trata-se de uma vida ceifada pela desinformação e pela falta de humanidade em um sistema que deveria proteger”, afirmou um dos familiares em entrevista.

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