Caso Nicolly: o que falta ainda esclarecer sobre o crime violento contra adolescente de 15 anos

Caso Nicolly Pogere: brutal assassinato de adolescente em Hortolândia segue cercado de dúvidas e dor

A dor da perda torna-se ainda mais insuportável quando é acompanhada de incertezas. A família de Nicolly Fernanda Pogere, de apenas 15 anos, vive dias de angústia profunda desde que o corpo da jovem foi encontrado na última sexta-feira, 18 de julho, em Hortolândia (SP). As circunstâncias do crime chocam pela frieza e levantam uma série de questões que ainda aguardam respostas por parte das autoridades.

Nicolly havia saído de Mococa para visitar o avô e reencontrar o namorado de 17 anos, com quem mantinha um relacionamento à distância. Durante a estadia, passou alguns dias na casa do rapaz e deveria ter retornado no dia 14 de julho. No entanto, após uma ligação informando o término do namoro, a adolescente desapareceu — e o que parecia apenas uma separação dolorosa se revelou um dos crimes mais brutais registrados na região.

A investigação apontou que o ex-namorado e uma adolescente de 14 anos, com quem ele também se relacionava, confessaram o assassinato de Nicolly. Eles alegaram legítima defesa, alegando que a jovem teria reagido com ciúmes. Mas a versão apresentada entra em conflito com os fatos: o corpo de Nicolly foi encontrado esquartejado, envolto em lençóis e submerso em uma lagoa — indícios claros de ocultação e, possivelmente, premeditação.

A dupla foi localizada no Paraná, escondida na casa da avó do rapaz. Ambos estão internados provisoriamente na Fundação Casa, enquanto a Polícia Civil tenta esclarecer se houve apoio à fuga e qual o grau de envolvimento de terceiros. A avó, que abrigou os jovens, também está sendo investigada para apurar se tinha conhecimento do crime.

Além dos depoimentos contraditórios, os laudos periciais serão cruciais para entender a dinâmica do assassinato e verificar se houve planejamento prévio. A brutalidade do ato, as múltiplas perfurações e a tentativa de ocultação sugerem que a hipótese de legítima defesa pode ser insustentável. As autoridades também avaliam se existiam mensagens ou registros anteriores que indiquem a intenção do crime.

A mãe de Nicolly, em meio à comoção do sepultamento, emocionou-se ao dizer que sentia que tudo havia sido arquitetado. “Minha filha foi enganada, traída e tirada de nós de forma cruel”, lamentou. A família segue clamando por justiça e cobrando celeridade nas investigações.

O caso de Nicolly não é apenas um crime isolado — ele representa uma ferida aberta no debate sobre a violência entre adolescentes, o impacto das redes sociais nos relacionamentos precoces e a ausência de limites claros em contextos de vulnerabilidade emocional. O envolvimento de menores em crimes hediondos exige respostas não só da Justiça, mas também da sociedade.

Enquanto os laudos não são concluídos e os interrogatórios continuam, permanece o vazio deixado por uma vida ceifada antes do tempo — e o eco de uma pergunta que não se cala: como evitar que tragédias como essa voltem a acontecer?

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