Detalhes presentes em corpos encontrados no RJ após operação são revelados
Uma operação no Rio de Janeiro está gerando grande repercussão na mídia, com dezenas de corpos sendo deixados em uma praça, em meio a cenas de desespero e protestos. Após a operação policial mais letal da história do estado, o Complexo da Penha amanheceu em um cenário de guerra e luto nesta última quarta-feira, dia 29 de outubro.
Durante a madrugada, os próprios moradores da comunidade levaram ao menos 40 corpos para a Praça São Lucas, no coração do bairro, em um ato desesperado para identificar seus mortos e denunciar o que chamam de “massacre”. As imagens que circulam nas redes sociais mostram famílias em prantos, velas acesas e gritos por justiça.
Familiares, em busca de parentes desaparecidos, cercam os corpos enfileirados no chão — muitos deles com marcas de tiros na nuca e facadas nas costas. Um detalhe que chama atenção é a presença de roupas camufladas, semelhantes às usadas por traficantes do Comando Vermelho (CV), o principal alvo da operação.
Com a notícia do protesto, a dimensão da tragédia se tornou ainda mais visível. Os corpos foram encontrados pelos moradores em uma área de mata que liga os complexos da Penha e do Alemão, epicentro da megaoperação iniciada na terça-feira. Mais cedo, em outro ato de desespero, um grupo já havia levado seis corpos em uma Kombi até a porta de um hospital.
A “Operação Contenção”, que mobilizou cerca de 2.500 policiais civis e militares, tinha como objetivo frear a expansão do CV e prender lideranças escondidas na região. O balanço oficial aponta 81 presos e mais de 90 armas apreendidas, incluindo fuzis e granadas, mas o número exato de mortos ainda é incerto.
O governador Cláudio Castro (PL) afirmou que a ação é parte de um esforço para “recuperar territórios dominados pelo tráfico”, mas voltou a cobrar apoio do governo federal, dizendo que o estado “está sozinho” no combate ao crime organizado. O Ministério da Justiça, por sua vez, respondeu que todos os pedidos de apoio do Rio foram atendidos e reforçou a importância da cooperação institucional.
Na Praça São Lucas, o clima é de luto, indignação e medo. Mães, pais e esposas choram ao lado dos corpos, enquanto a ausência de informações oficiais intensifica o sentimento de abandono. Moradores denunciam que, até o início da manhã, nenhuma equipe do governo havia comparecido para auxiliar na identificação ou remoção dos corpos, o que aumentou a revolta da comunidade.
Organizações de direitos humanos classificaram a ação como uma “chacina de proporções inéditas” e pediram uma investigação independente sobre possíveis execuções. Entidades como a Anistia Internacional e a Defensoria Pública do Rio afirmam que há indícios de abuso de poder e solicitam a presença de peritos federais na área.
Enquanto isso, o cotidiano das comunidades permanece paralisado. Escolas e comércios não abriram, e moradores relatam medo de novos confrontos. Em meio à dor e ao caos, as famílias seguem tentando reconhecer seus entes queridos, transformando a praça em um símbolo trágico da violência que há décadas assola o Rio de Janeiro.
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