Filhos mandam tirar a vida do próprio pai bilionário para ficarem com a herança em GO

Mais detalhes continuam surgindo sobre o caso que chocou Goiás: o assassinato do fazendeiro Jefferson Cury, de 83 anos, planejado pelos próprios filhos para obter uma herança bilionária. Após quase um ano de investigações, a Polícia Civil desvendou a trama por trás do crime, com a prisão de seis pessoas na última semana.

Segundo a polícia, o crime, ocorrido em novembro de 2023, foi motivado por uma disputa pela fortuna do fazendeiro, estimada em mais de R$ 1 bilhão. Os próprios filhos da vítima são apontados como mandantes do assassinato, e as investigações revelam que a execução foi meticulosamente planejada para acontecer antes de uma importante mudança no testamento.

De acordo com o delegado Adelson Candeo, responsável pelo caso, os filhos haviam tentado interditar o pai cerca de 60 dias antes do crime, com o objetivo de assumir o controle de seus bens. Ao não conseguirem na Justiça, decidiram elaborar um plano para eliminar o fazendeiro. A emboscada teria sido articulada com a ajuda de um corretor de imóveis e três funcionários da fazenda, todos agora presos.

O assassinato ocorreu exatamente um dia antes da vítima formalizar um novo testamento. Jefferson Cury pretendia assinar, em 29 de novembro de 2023, a transferência de todo o patrimônio para uma holding empresarial, excluindo completamente os filhos da administração direta dos bens. O crime foi executado na noite anterior, dia 28, na propriedade rural localizada às margens da GO-206.

Na ocasião, o fazendeiro estava acompanhado de seu advogado, que também foi alvo dos criminosos. Jefferson foi atingido no rosto e morreu ainda no local. O advogado, baleado na cabeça, sobreviveu por pouco e se tornou peça-chave nas investigações, fornecendo detalhes que ajudaram a reconstituir o crime e a identificar os envolvidos.

Desde então, o caso mobilizou equipes da Polícia Civil de Goiás e contou com apoio de forças policiais de São Paulo e Mato Grosso do Sul, onde parte dos suspeitos foi localizada. Os seis presos — entre eles os dois filhos, um corretor e três funcionários — permanecem detidos preventivamente.

As autoridades afirmam que o mandante intelectual do crime já foi identificado, mas o executor dos disparos ainda está foragido. A polícia acredita que ele tenha recebido pagamento para realizar o assassinato e possa ter fugido para outro estado. A caçada ao atirador continua, e novas diligências estão sendo conduzidas com apoio da Polícia Interestadual.

O delegado Candeo destacou que o crime foi cometido com frieza e motivado pela ganância. As investigações apontam que os filhos vinham enfrentando desavenças com o pai devido à gestão dos negócios da família e à decisão de Jefferson de criar uma estrutura empresarial para profissionalizar a administração dos bens. A exclusão deles do controle direto teria sido o estopim para a tragédia.

A revelação da participação dos herdeiros causou enorme repercussão na região e entre produtores rurais que conheciam o fazendeiro. Jefferson Cury era considerado um homem visionário, conhecido por sua trajetória de sucesso no agronegócio e por sua atuação em projetos sociais no interior de Goiás. Amigos e funcionários relataram incredulidade diante da possibilidade de o crime ter sido ordenado por seus próprios filhos.

Com as prisões efetuadas e o avanço da investigação, o Ministério Público deve apresentar denúncia formal nos próximos dias. O caso, que mistura poder, herança e traição familiar, ainda promete novos desdobramentos à medida que a polícia reúne provas sobre a execução e a divisão das funções entre os envolvidos.