Megaoperação no Rio: 99 mortos foram identificados e grande maioria tinha extenso histórico criminal
Após ter sido realizada a megaoperação no Rio de Janeiro, as autoridades começaram a identificar quem eram os suspeitos e mais detalhes foram expostos.
Após dias de um trabalho intenso de identificação no Instituto Médico Legal (IML), a Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou um balanço parcial dos mortos na “Operação Contenção”, nesta última sexta-feira, dia 31 de outubro.
Dos 117 civis mortos na ação, 99 já foram identificados, e a grande maioria, segundo a polícia, tinha um extenso histórico criminal. A Polícia Civil e o governador Cláudio Castro (PL), em coletiva de imprensa, usaram os dados para defender a letalidade da operação.
“Tendo em vista estes resultados, a gente vê que o trabalho de investigação e inteligência foi adequado, todos perigosos e com ficha criminal”, declarou o governador.
Dos 99 mortos já identificados, pelo menos 35 eram de outros estados, incluindo 13 do Pará, 7 do Amazonas e 6 da Bahia, confirmando a tese da polícia de que a operação visava frear a expansão nacional do Comando Vermelho (CV).
A ficha criminal dos mortos também reforça o argumento do governo. A polícia informou que, dos 99 identificados, 78 tinham passagens pela polícia, e 42 possuíam mandados de prisão em aberto.
Esses números têm sido usados por Cláudio Castro para sustentar sua polêmica declaração de que as únicas “vítimas” da operação foram os quatro policiais mortos.
Desde a última terça-feira, dia 28, o Rio de Janeiro vive a repercussão da operação, considerada a mais letal já vista na história de todo o estado, causando repercussão internacional.
A ação, que mobilizou 2.500 policiais nos Complexos do Alemão e da Penha, deixou um saldo de 121 mortos, 113 presos e 118 armas apreendidas, mas gerou uma onda de críticas de entidades de direitos humanos.
Entre as principais críticas, organizações nacionais e internacionais afirmam que o elevado número de mortes evidencia um padrão de uso excessivo da força por parte das autoridades. Especialistas em segurança pública também apontam falhas na estratégia adotada, argumentando que a letalidade policial não deve ser interpretada como sinônimo de eficiência. Além disso, moradores das comunidades afetadas relataram medo, danos materiais e violações durante a operação.
Parlamentares da oposição e defensores de direitos humanos solicitaram a abertura de uma investigação independente para apurar possíveis abusos cometidos durante a ação. O Ministério Público do Estado informou que acompanha o caso e que poderá requisitar novas perícias, caso sejam identificadas inconsistências nos laudos apresentados pela Polícia Civil. O tema também deve ser levado à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Enquanto isso, a sociedade fluminense segue dividida. Parte da população apoia a operação, alegando que o combate ao crime organizado exige medidas firmes, enquanto outra parcela vê a ação como um grave retrocesso na política de segurança pública. O episódio reacende o debate sobre o equilíbrio entre a repressão ao tráfico e a preservação dos direitos fundamentais nas comunidades mais vulneráveis do Rio de Janeiro.
No momento, a Polícia Civil continua o trabalho para identificar os 18 corpos restantes. O governador Cláudio Castro afirmou que irá entregar os relatórios completos da operação às autoridades competentes.
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